domingo, 22 de maio de 2011

CALIANDRA
(Marcos Alagoas)
Caliandra, por onde andas?
Não te vejo mais!
Quantas saudades sentem meus olhos!...
Quantas vezes florescestes em minha pele
E agora desapareces?
Foste cortada no arado
E queimada pelo fogo...

Meus olhos vigiavam-te;
De ti eu cuidava.
Agora, não te tenho mais!
Quantas vezes tu brotaste
Neste chão,
Enfeitando e realçando
A nossa Natureza?
Linda eras tu, Caliandra,
De cor expressiva quando viva,
Eras parte do meu corpo...
E levaram-te de mim, impiedosamente,
Numa ação impnsada do homem
E seus maquináríos.
Lembro-me da tua cor bela:
Vermelho carmim, por entre os capins!

Enfeitavas o cerrado assim,
Simples, mas presente
De corpo e alma em mim.
Quantas visitas tu recebestes?
Quantas abelhas por ti passaram?
Quantas beija-flores te beijaram?
Quantos fizeram parte da tua vida
No cerrado brasileiro,
Tão rico em espécies,
E tu, Caliandra, desapareces?

Oh! Quanta saudade!...
Meus inimigos roubam vidas
Que me pertencem,
Matando-as!
Não consigo defender
Minhas filhas do fogo,
Do corte nem dos arados!
Quantas dores são viver no cerrado
Sem flores, sem amores?...
Quantos por mim passaram
E se foram?
E quantos ainda passarão?
Já não aguento mais!!!
Quantas desaparecerão da minha pele?
Algodãozinho do cerrado,
Angiquinho,
Pacari,
Chuveirinho...

Quantos maus tratos sofro!
Socorram-me!!!
Alguém salve-me!
Enquanto existo, resisto!
Estou sendo caçado,
Mutilado, devorado...
Vocês estão errados.
Matam-me na calada
Armado, armando ciladas.
Minha face verde está preta,
Minhas raízes torradas.
Sou biodiversidade,
Sou o cerrado...

Água que vem do céu,
Ressuscita o que ainda resta:
O meu verde de volta ao universo!
E que as flores possam
Brotar novamente!
E que meus olhos
Possam ver nascendo,
Voltando para mim,
As Caliandras,
E outras também.
Amém!!!

São minhas filhas,
Ressurgindo em minha pele,
Me vestindo novamente.
Oh, mãe natureza,
Sou árvore, sou flores
De tantas que não querem deitar;
Sou biodiversidade..
Em pé quero ficar.
Não aguento mais
Tuas mãos e dentes, motoserra!
Chega de esquartejar-me,
Aleijar-me!
Socorro!!!
Deixem-me verde em paz!
Chega, bicho homem,
Não me consuma,
Seja bio-humano!
A minha vida também quer liberdade...
Você está errado
Tentando matar o cerrado!
Quero ficar em pé,
E não deitado...

Um comentário:

  1. Blz Marcos como anda os trabalhos,vi algumas de suas poesias , parabéns continue com esse belo trabalho ass : Wanderson Ferreira Santos (face book)

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