segunda-feira, 23 de maio de 2011

FLOR
(Marcos Alagoas)
Sempre há alguém
plantando
uma flor
em algum jardim,
em algum caminho,
em algum lugar
no mundo...

Seja onde for,
seja
qualquer
flor!...

Não importa a sua cor
nem quem
a plantou,
mas que seja bela,
sem espinhos,
sem dor.

Que seja
alma colorida
e símbolo
do Amor.

domingo, 22 de maio de 2011

CALIANDRA
(Marcos Alagoas)
Caliandra, por onde andas?
Não te vejo mais!
Quantas saudades sentem meus olhos!...
Quantas vezes florescestes em minha pele
E agora desapareces?
Foste cortada no arado
E queimada pelo fogo...

Meus olhos vigiavam-te;
De ti eu cuidava.
Agora, não te tenho mais!
Quantas vezes tu brotaste
Neste chão,
Enfeitando e realçando
A nossa Natureza?
Linda eras tu, Caliandra,
De cor expressiva quando viva,
Eras parte do meu corpo...
E levaram-te de mim, impiedosamente,
Numa ação impnsada do homem
E seus maquináríos.
Lembro-me da tua cor bela:
Vermelho carmim, por entre os capins!

Enfeitavas o cerrado assim,
Simples, mas presente
De corpo e alma em mim.
Quantas visitas tu recebestes?
Quantas abelhas por ti passaram?
Quantas beija-flores te beijaram?
Quantos fizeram parte da tua vida
No cerrado brasileiro,
Tão rico em espécies,
E tu, Caliandra, desapareces?

Oh! Quanta saudade!...
Meus inimigos roubam vidas
Que me pertencem,
Matando-as!
Não consigo defender
Minhas filhas do fogo,
Do corte nem dos arados!
Quantas dores são viver no cerrado
Sem flores, sem amores?...
Quantos por mim passaram
E se foram?
E quantos ainda passarão?
Já não aguento mais!!!
Quantas desaparecerão da minha pele?
Algodãozinho do cerrado,
Angiquinho,
Pacari,
Chuveirinho...

Quantos maus tratos sofro!
Socorram-me!!!
Alguém salve-me!
Enquanto existo, resisto!
Estou sendo caçado,
Mutilado, devorado...
Vocês estão errados.
Matam-me na calada
Armado, armando ciladas.
Minha face verde está preta,
Minhas raízes torradas.
Sou biodiversidade,
Sou o cerrado...

Água que vem do céu,
Ressuscita o que ainda resta:
O meu verde de volta ao universo!
E que as flores possam
Brotar novamente!
E que meus olhos
Possam ver nascendo,
Voltando para mim,
As Caliandras,
E outras também.
Amém!!!

São minhas filhas,
Ressurgindo em minha pele,
Me vestindo novamente.
Oh, mãe natureza,
Sou árvore, sou flores
De tantas que não querem deitar;
Sou biodiversidade..
Em pé quero ficar.
Não aguento mais
Tuas mãos e dentes, motoserra!
Chega de esquartejar-me,
Aleijar-me!
Socorro!!!
Deixem-me verde em paz!
Chega, bicho homem,
Não me consuma,
Seja bio-humano!
A minha vida também quer liberdade...
Você está errado
Tentando matar o cerrado!
Quero ficar em pé,
E não deitado...