quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

FERIDAS QUE NÃO CICATRIZAM
(Marcos Alagoas)
 Minha terra está ressequida,
Morta e esquecida
Ao sol escaldante e constante do sertão,
Essa terra árida e seca,
Estorricada e rachada
Dá dó de ver, moço,
Suas feridas que não cicatrizam
Pobre de nós sertanejos!
Que nada vejo, oxente bichinho!
Como é dura essa nossa peleja,
Uma labuta miserável
De tudo que se planta
Nada se vê vingar nesse lugar!
Meu olhar não se cansa
De ver o céu, que é tão azul,
Mas não vê sequer nuvem,
Parece o mar gigante,
Mas não cai um pingo de chuva
Nessa terra, que tem sede d’água,
Então nossos olhos deságuam
Dessa dor imensa cravada no peito,
Não tem quem dê jeito.
A natureza está em guerra
com o nosso sertão, seu moço!
Nos castiga cruelmente,
Basta ver, seu moço,
Nossos filhos com os olhos
Entristecidos e consumidos,
Fundos, ocados de esperança.
Esperança?
Que palavra é essa, moço?
Olha estas crianças desnutridas.
Olha, moço, olha!...
Dá dó de não ter o que comer,
Nem sequer ter o direito
De viver, seu moço!
Que cenário malvado tem este chão...
Nosso sertão, vida de cão!
 Como dói, Sertão!...

Nenhum comentário:

Postar um comentário